
O DFE5 em Porto Amélia tinha um ou duas viaturas (jeep) atribuídas, cujos condutores eram o 77/66 Mar FZE António Manuel Carrapato Lourinho e o 1512/67 1º Grt FZE Mateus Pedro Caldinhas.
Foto Pamélia101
Os Destacamentos de Fuzileiros Especiais (DFE) foram Unidades de Fuzileiros da Marinha de Guerra Portuguesa criadas para a Guerra em África nos anos sessenta do Séc. XX. Dos elementos que compuseram o DFE5, na comissão efectuada em Moçambique de 1969 a 1971, procuraremos, aqui neste espaço, registar as memórias individuais e colectivas que preservámos até aos nossos dias.
No aquartelamento em Metangula, o Comandante e Imediato do DFE5, em uniforme branco com calções, com o então capelão do CDMPLN Padre Delmar Barreiros* (o 3º a contar da esquerda) e o Subten FZ RN Bettencourt Dias (o 1º á esquerda), oficial da Companhia nº. 4 de Fuzileiros (CF4) - Comandante do 4º pelotão - e grande apoio do capelão na construção da capela daquele Comando da Defesa Marítima, inaugurada em 1969.
Nota* Actual Prior da Igreja de Santo Estêvão, Alfama, em Lisboa.
Foto Metangula020
Vêem-se do DFE5, com boina ou em cabelo, da frente para o fundo da fila: 1495/67 Amândio Lopes, 855/67 Horácio Almeida Gomes (Aranhiço), 1366/67 José Cravinho Madeira, 1408/67 Fernando Barros, 1334/67 Manuel Bernardino da Silva Mendes (Tartum), 1055/67 Manuel Marques Bernardo (Peter), 180/65 Arnaldo Lopes Geraldo.
Foto Mueda009
Foto Silva53
Da esquerda para a direita: primeira fila - 668/67 Ilídio Garcia e 422/65 António José Gonçalves Viegas (Sabóia); segunda fila – 1393/67 Francisco Manuel Saúde Miranda, 931/67 Luciano Martins Carvalho, 691/67 Joaquim Gonçalves, 1133/67 João Pires Ribeiro Carrilho, 434/67 António Garra Palito e 491/67 António Matos Ribeiro (Electricista).
Colaboração 1133/67 João Carrilho
Foto Vc_Meponda006
Era um lago maravilhoso, de água doce, longo como a Lusitânia. Do outro lado, a poente, viam-se os montes do país a que os ingleses chamaram Nyasaland e passou a chamar-se Malawi depois da independência; o país à beira do lago onde as estrelas dançam de noite, como os pirilampos na noite da savana...
Ali, fazendo frente à imponente catedral anglicana da minúscula ilha de Likoma, uma grande mas singela missão católica, construída por moçambicanos sob orientação dos missionários da Consolata, transformada em quartel militar pela guerra.
Quem sabe que àquela ilha está ligado Livingstone, o lutador pelo fim da escravatura, mas que precisou da ajuda de quem a praticava? Histórias do passado, duma Humanidade que não é perfeita...
Ali acostámos num dia de meados de 1969, corajosos marinheiros desterrados para o fim do mundo.
Ah! Se adivinhássemos que ali nos iam chover, numa madrugada quase manhã, mais granadas de morteiro que os dedos das mãos, decerto teríamos vontade de ir para a Lua, onde a Apolo chegou com Neil Armstrong quando lá nos encontrávamos, conforme o Rádio Clube de Moçambique atestava, em directo...
Juventude, como já vais longe! Ali improvisámos, de caixotes, carteiras; o quadro negro da missão já lá estava. O resto, a vontade de aprender, nos períodos em que não íamos à procura da Frelimo, estava dentro de alguns.
E assim demos continuação ao trabalho dos missionários, embora dirigido a marinheiros desterrados, na flor da juventude, para a África fascinante.
Foi ontem? Parece, mas já lá vão quase, quase 40 anos!
Obrigado, Deus de todos, porque ainda cá estamos e recordamos os que já partiram. Que aquela maravilhosa parte de Moçambique, onde estivémos pelos piores motivos, continue orlada das frondosas mangueiras e que os moçambicanos cultivem em paz a mandioca que algumas vezes nos matou a fome.
Rama, Leiria, 5.9.2007
Repare-se ainda no aro de bicicleta preso na árvore, usado como sino.
Foto Tchiroze317
Os banhos no Lago Niassa no bom tempo eram muito apetecíveis. Ás vezes até demais, como em Agosto de 1969 durante os trabalhos de preparação da machamba, de que resultaram uns castigos.
Na fotografia um grupo de elementos (1ºs Grt FZE) do DFE5 a banhos, da esquerda para a direita: 1151/67 Daniel Neto (Vermelho), 1495/67 Amândio Lopes, 1408/67 Fernando Moreira de Barros e 855/67 Horácio Almeida Gomes (Aranhiço).
Foto Fot016
Na fotografia, no aeroporto aguardando o embarque no avião da FAP, da esquerda para a direita: 1151/67 Daniel Neto (Vermelho), 491/67 António Matos Ribeiro, 422/65 António José Gonçalves Viegas (Sabóia), 97/67 Eduardo Augusto Corda Agúdo (Cavalo) e 647/67 Carlos Alberto Carmona Martinho (Puto).
Foto DFE5 Nord Atlas
Nota: São bem visíveis, do lado direito, os pilares da ponte de Tete, em construção, sobre o Rio Zambeze.
Foto Tete311c
10h30
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Concentração na Escola de Fuzileiros (EF)
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11h00
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Missa na Capela pelos camaradas falecidos celebrada pelo Capelão da Esc. de Fuzileiros
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11h45
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Visita ao Museu da EF e reunião em sala de aula para visualização de fotografias da Comissão.
Saída para o Restaurante
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13h00
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Aperitivos e Almoço no Restaurante Dina, na Estrada de Penalva - Quinta do Amassador –Stº António da Charneca
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16h00
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Corte do Bolo comemorativo
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17h00
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Despedida
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Notas:
* Da grande experiência, neste tipo de actividade, adquirida pelo DFE5 nesta fase de comissão na zona de Tete, em que eram passadas muitas horas nestes botes Zebro III, em grandes períodos na máxima velocidade que os motores Mercury de 50 Cv permitiam - para reduzir o perigo de sermos atingidos -, resultaram várias propostas de alteração à estrutura dos botes e aos hélices dos motores, endossadas pelo Comando Naval de Moçambique a Lisboa e que vieram a ser consideradas. Ex: Reforço das longarinas e dos paneiros que antes se partiam e desarticulavam com frequência; fixação dos hélices para não saltarem o que era frequente acontecer em inversão do motor.
** Com maior vulnerabilidade do pessoal embarcado nos botes aos eventuais atiradores situados nas margens.
Foto Tete002
Da direita para a esquerda: 4º Oficial 2º TEN FZ RN Lopes Fernandes, 1512/67 Mateus Caldinhas, 1093/67 José Daniel da Silva Teixeira (Lisboa), 173/65 Francisco Moreira Inácio, 1495/67 Amândio Lopes, 931/67 Luciano (Manobra).
Nota: Na fotografia nota-se, à cintura do TEN Lopes Fernandes, um cantil, de 2 (dois) litros, que não fazia parte do equipamento original. Verificando-se com a experiência anterior que os cantis usados e fornecidos, de um litro, eram insuficientes, adquiriram-se estes em plástico (em Porto Amélia), de dois litros, pelo DFE5, depois recobertos com tecido camuflado.
Foto Fot005
Fotos Encontro_V2007c Encontro_V24032007
Na primeira parte do programa, que se mostra, o grupo presente e seus familiares pousaram para a fotografia que se mostra, junto ao recentemente rearranjado monumento ao Fuzileiro, na Escola de Fuzileiros (EF). Dali seguiram para a Capela, onde foi celebrada Missa pelo capelão da EF, Padre Licínio.
O documento referido no programa, é um quadro onde constam os nomes completos de todo o pessoal (82) que prestou serviço neste DFE5.
Foto Encontro_V2007a
A Esquadrilha de Lanchas* do Niassa, da Marinha de Guerra Portuguesa no Lago Niassa, composta por Lanchas de Fiscalização Pequenas (LFP) e Lanchas de Desembarque (LD), foi fundamental para o apoio ao DFE5 (e aos outros DFE que por ali passaram) quer no transporte para as (e das) operações, quer para o transporte logístico e apoio enquanto esteve estacionado no Cobué.
Nota* A Esquadrilha de Lanchas era comandada por um primero-tenente da classe de Marinha, que no período em que o DFE5 ali esteve era o 1ºTEN Joaquim Manuel Barreiros Espadinha Galo, anos mais tarde contra-almirante. As LFP eram cinco, uma da classe “Antares”, a “Régulos” de casco de fibra, e mais quatro da classe “Júpiter”, a “Marte”, a “Mercúrio”, a “Saturno” e a “Urano”, para patrulha do lago e vigilância da margem, desembarques e reembarques, e eventualmente apoio às LD’s. A "Régulos" (tempos mais tarde - fins 1969 princípio 1970? - cedida ao Malawi, juntou-se à que antes tinha sido oferecida e que também navegava nessa altura no Lago visitando Metangula com alguma frequência – "John Chilembwe" Ex-"Castor"). O Comando da Esquadrilha situava-se num edifício ao lado da Torre.
Nota do A.: É muito interessante ler a descrição e as dificuldades passadas com o transporte destas lanchas até ao Lago Niassa anos antes, desde a costa de Moçambique, Nacala, no Oceano Índico. Ver artigo publicado nos Anais do Clube Militar Naval.
Foto Metangula13
Da esquerda para a direita, as seguintes praças: 77/67 António Carrapato Lourinho, 1512/67 Caldinhas, 999/67 Costa Neto, 422/65 António Viegas (Sabóia), 60/65 José Manuel Pegacho Balasteiro, 1393/67 Francisco Manuel Saúde Miranda. O Sabóia era 2º Grumete e assim se manteve toda a Comissão.
Foto Fotos014
Dos mais próximos para os mais afastados:
Do lado esquerdo: 1566/67 Norberto Pina dos Santos, 1567/67 Sebastião Vargens, 1572/67 José Maria Pimenta (Barcelos), 1564/67 Guilherme Barata
Do lado direito:1572/67 Mateus Caldinhas, 306/67 Sebastião Pinto, 601/67 Alexandre Lopes Perninha, 1554/67 Luís Cadima (Algueirão)
Foto Navio_regresso005
Foto Encontro_III2005
Foto (Silva) 042
Na zona próxima de Metangula não se verificava esta configuração das margens.
Notas:
* Ao nadar no Lago, evitava-se nadar nas proximidades da vegetação que se vê na água do Lago, por aí, dizia-se, haver maior susceptibilidade de contrair bilharziose.
** A mancha de terra que se vê em frente da praia na fotografia é a Ilha de Likoma, do Malawi.
Foto Cobué praia
Nota* Este patrulhamento nocturno em viatura era bastante desconfortável e de duvidosa eficácia, quer pela vulnerabilidade do pessoal nas viaturas, cuja marcha era bem identificada do exterior, quer pelas reduzidas visibilidade e audição, esta com o barulho dos motores.
Foto Mueda122
Na fotografia, uma imagem do Rio Zambeze tirada num patrulhamento, é visível a Missão de Boroma.
Noutras zonas o leito do rio estreitava entre zonas escarpadas, em que os botes eram facilmente vulneráveis a atiradores de terra.
Este mesmo Rio Zambeze tornava-se completamente diferente em período de chuvas, com águas castanhas e muita vegetação, ramos e animais mortos à superfície.
Foto Tete135
Foto VC_Meponda001
Naquelas instalações de grande movimentação de pessoal, porque iam rodando com elementos da respectiva Companhia estacionada no Lunho, estava escrita a seguinte e curiosa quadra:
O nosso vago-mestre
é um gajo porreiro,
até já foi a Lisboa
com o nosso dinheiro.
Nota* Para além do DFE5, estavam no Cobué como já referimos, no mesmo aquartelamento mas em áreas diferenciadas do edifício, um pelotão duma Companhia de Fuzileiros e este pelotão (-) (incompleto) do Exército.