sexta-feira, 28 de abril de 2017

Participação do DFE5 na Operação "Nó Górdio"

Para que as memórias não se percam, aqui reproduzimos um ofício em que se atesta a participação do nosso DFE5 na operação realizada em 1970 em Moçambique:




segunda-feira, 24 de abril de 2017

Na Operação "Nó Górdio", em Mueda, 1970

Mueda, macondes' land, deserved a better chance. So did we, young marines in a land so far away. But past is past...

We were fortunate. When starting Operação Nó Górdio, a land mine explosion somewhere in front of us, with a human casualty, recalled us to reality: that was not camping... And yet we are still living. To let you  imagine what war is?

Mueda, terra de macondes, merecia uma melhor chance. Nós também, jovens fuzileiros navais numa terra tão distante. Mas passado é passado ... Tivemos sorte. Ao iniciar a Operação Nó Górdio, uma explosão de mina terrestre em algum lugar à nossa frente, com uma vítima humana, recordou-nos a realidade: que não era acampamento ... E ainda estamos vivendo.
Para deixar o leitor imaginar o que é a guerra?
Notas: 
1. Foto (diapositivo) e texto do 3º Oficial do DFE5 Dr. Antides Santo
2. A arma à vista (G3) não estava abandonada. Estava atribuída a um dos elementos que estavam atrás da máquina fotográfica

domingo, 16 de abril de 2017

Para registar e recordar (2)

Para recordar:

JUN2018 Celebraram-se 55 anos da data da partida do primeiro DFE5 para Comissão em África

30OUT1968 - Reactivado o DFE5 que veio a ser o nosso
08FEV1969 - Partida de Lisboa no navio mercante Moçambique da quase totalidade dos elementos do nosso DFE5. (Recorde-se que alguns elementos seguiram em avião da FAP para antecipadamente receberem o material em Moçambique e prepararem a chegada a Metangula - Augusto Cardoso: Oficial Imediato, Quartel-Mestre, ...)
01MAR1969 - Chegada a Moçambique (Lourenço Marques)
10FEV1971 - Partida de Moçambique (Beira) no navio mercante Infante D. Henrique.
02MAR1971 - Chegada a Lisboa do DFE5 no Infante D. Henrique.
21MAR1971 - Desactivação do nosso DFE5.


sexta-feira, 7 de abril de 2017

Histórias à margem (1)

Penso que sabe que um dia me meti no combóio, em Vila Pery (Chimoio), pelo Natal de 1970, e viajei até à cidade fronteiriça rodesiana de Umtali... Foi uma reedição da ida a Likoma, só que o barcelense não estava lá para me pôr em apuros. Ai estes milicianos indisciplinados...
Pois. O pior foi que na estação de destino o polícia rodesiano me perguntou pela autorização militar... Eu só levava passaporte! E, a seguir, perguntou-me onde tinha reservado alojamento... Este rapaz, fuzileiro desenrascado, pensava fazê-lo depois de chegar (como veio a acontecer). O homem nem queria acreditar!!! Eu bem olhava para o indiano, homem de negócios que vinha de Moçambique e com quem conversara durante a viagem, mas o que podia ele fazer?...
Bom, lá sugeri ao nosso amigo rodesiano que escolhesse um hotel (salvo erro, foi assim), prometendo telefonar logo que fizesse a admissão.
Ele deve ter pensado: bom, este português não tem cara de vigarista (coisa muito falível), se fugir não vai longe, pelo que é melhor fazer-lhe a vontade e deixá-lo conhecer Umtali by Christmas. Adorei a pequena cidade, com o seu jardim repleto de luzes da quadra, as montanhas circundantes, o asseio impecável, a livraria onde adquiri 2
livros sobre animais africanos e sobre a Rhodesia, a placa de prioridade a dizer "Give Way, o parque de estilo não sei se inglês se japonês. Mas foi neste café, em cuja esplanada me sentei para beber um refresco, que tive a maior surpresa: era propriedade de madeirenses (onde é que os portugueses e os madeirenses não chegaram?) e um grupo de miúdos veio-me propôr a compra de artesanato... Tenho pena de não ter comprado, mas o dinheiro escasseava!
No dia seguinte, de regresso à estação, lá estava o mesmo guarda.
Olhou-me aliviado, talvez pensando: bem, às vezes vale a pena sermos simpáticos e esquecer a burocracia...
Entrei no combóio, num compartimento vazio. Daí a pouco chegou um rodesiano que trepou para o beliche e nem uma palavra. Depois... bem, depois chegou o resto da Europa em peso: um sueco, um alemão, um
dinamarquês; eram professores na Zâmbia e iam ver com os seus olhos o que era o Moçambique colónia portuguesa. Lá fui fazendo de cicerone
improvisado e respondendo a perguntas embaraçosas...
A certa altura, enquanto o trem deslizava vagarosamente pela noite africana, o alemão gritava pela janela: "Eh! Está aí alguém?!..."
Depois chegou, em Machipanda, o nosso funcionário da alfândega, com o crachá no ombro... Um deles, acho que o sueco, apontou para o emblema e perguntou, sarcástico: Pide? Pide?... O guarda olhou para mim, encabulado, e comentou: "Este malando já se está a meter comigo!..."
Adorava hoje poder falar com eles, mas fiquei sem os nomes e endereços.
Hoje, a Suécia faz parte da U.E., mas resguardou-se, não entrando para o Euro... A Dinamarca fez a mesma coisa. E os alemães rebocam a locomotiva com gente perplexa que olha pela noite económica, sem descortinar gente...

Notas: 
1. Texto de 07FEV2012 do Dr. Antides Santo (3º Oficial do DFE5)
2. O DFE5 encontrava-se nesta altura em Tete e Tchirose e o STEN Santo tinha ido frequentar um Curso de Pisteiros..