quarta-feira, 12 de maio de 2010

Na zona de Tete. O Rio Zambeze

Ainda antes da inauguração da ponte em Tete, sobre o Rio Zambeze, uma vista sobre a cidade. Destaca-se o movimento no rio e a forma como as viaturas o podiam atravessar em cima duma jangada*.


Diapositivo (Tete - homem, canoa, monte) de Antides Santo

Nota*: Duma destas jangadas, aconteceu em 1970, ao final do dia, que um "jeep" pertencente à Força Aérea Portuguesa, que fora buscar o correio a Tete, caiu ao Rio Zambeze. A jangada encontrava-se atracada em Tete e o "jeep", depois de recolhido o correio, entrou por um lado e, não travando devidamente, saiu pelo outro lado da jangada caindo ao rio. Como o aquartelamento do DFE5 era relativamente próximo, foram-nos pedir ajuda. Estava presente o Oficial Imediato que com mais outro elemento (salvo erro o Caparica) anuíram ao pedido. Mesmo sem material de mergulho ou barbatanas e apenas em calção de banho, só em apneia, já escuro e com a corrente forte do rio, conseguiu-se localizar a viatura no fundo, com uma vara comprida que também ajudou a descida do Imediato. Depois de várias peripécias e só pelo tacto foi àquele possível passar um cabo guia que logo a seguir permitiu a passagem e a fixação dum cabo de aço numa peça na traseira do "jeep" e que esse logo de seguida fosse rebocado de terra por um tractor. Tenho uma vaga ideia de logo após a localização da viatura ainda foi possível a recolha dum dos sacos do correio no interior da mesma, mas, disto tenho a certeza, os elementos envolvidos não receberam qualquer mensagem dos proprietários do "jeep" em causa.

10 comentários:

Antides disse...

Não sabia dessa peripécia!
Mais uma vez se confirma que vale a pena recordar o passado; é terapêutico, ajuda-nos a ter uma visão mais justa da nossa estadia em África, na juventude.
Se os donos do jeep não tiveram uma palavra, foi decerto por nessa altura ainda não haver Internet!
Um grande louvor de todos os colegas dos bravos intervenientes.
A Marinha é assim.
Antides Santo - 13.5.2010

Antides disse...

A F.A.P. agradeceu a intervenção de salvamento com o transporte da nossa Unidade para a Beira, de regresso a casa. Com obras, como é próprio de militares.

Antides disse...

Monstruoso Zambeze, motor desse colosso que nunca visitámos e que, só por si, explica a presença lusa (mas não só) em África - Cahora Basa - arrepio-me ao pensar que poderia ter morrido nas tuas águas, com os camaradas de imprudência, nos "rápidos do inglês"...

Antides disse...

A Marinha, arte de navegar, não terá começado com canoas como esta, de proa pontiaguda. Nos primórdios, os nossos distantes antepassados terão pegado em troncos de árvores e, neles cavalgando, atravessado rios como este. O "navio" desta imagem exigiu, no passado, o afiamento da pedra e a descoberta dos metais...

Antides disse...

Aquele monte ao fundo olha o Céu, animista, islâmico, ou cristão, tanto faz.
O perfil lembra o quê? Uma cabeça, com o queixo, o nariz, a testa.
Julgo que terá sido algum francês, ali caído de pàraquedas, a dar o nome à cidade: Tête - cabeça. Há cada coincidência!

Antides disse...

Não sou um entusiasta do "choradinho" do fado, com todo o respeito. Mas aquela canção sobre Lisboa e o Tejo poderia acompanhar esta imagem duma canoa a atravessar as águas agitadas do Zambeze: "Canoa, conheces bem..."

Antides disse...

Há palavras que podem esconder segredos. Os habitantes das Antilhas (ilhas antes do continente) chamam-se caribes. A palavra árabe para BARCO é KARIB...
Amália,perdoa não te ter ido ouvir interpretar a alma moura no Cóbuè.

Antides disse...

... Falar de "alma moura" é falar de condição humana. Na foto, o intrépido navegante está, quase ao milímetro, no centro. Não recordo quem foi que disse que "o Homem é a medida de todas as coisas". Às vezes somos tentados a pensá-lo...
Moura, do grego mavros e do latim maurus, para negro (africano).

Antides disse...

Zambeze e Zêzere. Dois rios que ouvem falar a nossa língua há séculos.
O rio português - em cuja foz viveu Camões por azares da vida - tem um nome que não nos sugere nada, um pouco como Quiaios, ou Ocreza, ou Erges...
Os impérios são como o vento, arrancam quase tudo à passagem; depois esquecemos que houve um dia de temporal... Mas ficaram marcas, algumas áureas, resistentes a quase tudo...
Peguem no dicionário de grego clássico e lá encontrarão a palavra ZESIS, fervura em grego... ERE é correr, na língua de Homero.
O rio à beira do qual nasceram fuzileiros foi pois navegado por homens da Helada que lhe chamaram o rio que ferve. Como o Zambeze, nos "rápidos do inglês", onde quase deixámos a vida!
Quanto a Quiaios e restantes, não dou mais pistas, os filhos ou netos que comprem o dicionário.
É que um homem também se cansa de lhe dizerem que tem "uma imaginação fértil"...

Antides disse...
Este comentário foi removido pelo autor.