domingo, 31 de maio de 2020

Memórias: Cobué 1969

CÓBUÈ 1969

Daquele ponto alto de Vila Cabral
Avistámos  primeiro o lago colossal,

Lá em baixo, como espelho azul,
Rodeado de montes de Norte a Sul.

Descemos pela esburacada picada
Que punha a “malta” desvairada.

Mas chegámos do lindo lago à beira,
Como quem leva a  vida a uma feira.

A lancha célere nos levou a Norte
A uma quase-ilha de muita sorte,

Com pista de aviões, coisa bela,
Donde descolava o bravo Varela.

Mas pouco durou a nossa estadia ali,
Quem ri depois com mais gosto ri;

O nosso destino era o remoto Cóbuè,
Onde uma igreja dizia à gente de Fé

Que saber pode vir por muitas vias,
Pode reforçar as boas energias.

A missão ao lado tinha um quadro preto,
Não estávamos perdidos num gueto.

E assim alguns tiveram  a rara valentia
De mais aprender, na nova moradia.

Aprender até morrer é do saber ancestral
Que nós acolhemos nessa terra austral.

Antides Santo, para o blogue do DFE5
Leiria, 31.5.2020

Nenhum comentário: