CÓBUÈ 1969
Daquele ponto alto de Vila Cabral
Avistámos primeiro o lago colossal,
Lá em baixo, como espelho azul,
Rodeado de montes de Norte a Sul.
Descemos pela esburacada picada
Que punha a “malta” desvairada.
Mas chegámos do lindo lago à beira,
Como quem leva a vida a uma feira.
A lancha célere nos levou a Norte
A uma quase-ilha de muita sorte,
Com pista de aviões, coisa bela,
Donde descolava o bravo Varela.
Mas pouco durou a nossa estadia ali,
Quem ri depois com mais gosto ri;
O nosso destino era o remoto Cóbuè,
Onde uma igreja dizia à gente de Fé
Que saber pode vir por muitas vias,
Pode reforçar as boas energias.
A missão ao lado tinha um quadro preto,
Não estávamos perdidos num gueto.
E assim alguns tiveram a rara valentia
De mais aprender, na nova moradia.
Aprender até morrer é do saber ancestral
Que nós acolhemos nessa terra austral.
Antides Santo, para o blogue do DFE5
Leiria, 31.5.2020